Apanhados da Segunda Edição

Seguindo nossa política de feedback, preparamos um grande apanhado sobre os pontos positivos e negativos encontrados nas obras recebidas para a segunda edição! As informações a seguir podem servir para aprimorar sua escrita, guiá-la ou mesmo ajudá-lo a enxergar aspectos da escrita que, muitas vezes, vão além do próprio texto. Confira!

  • Enquanto na edição passada tivemos muitas pessoas de exatas, agora parece que vários filósofos enviaram contos. Estudantes, graduados e até doutores. E como era de se esperar, foram textos muito bons, mas algumas vezes subjetivos demais. Uma história exige conflito mais do que divagação, mesmo que seja um conflito interno por parte do personagem. Um narrativa envolve arcos, situações que transformem os personagens de maneira significativa e representativa.

  • Em um texto narrativo literário, o mais importante é a narrativa. Hoje, o mercado ainda se preocupa muito com o português correto, mas a verdade é que nem o melhor professor de português pode salvar uma narrativa sem emoção, personagens sem características, sem arco, sem evolução, transformação, conflitos relevantes. Isso não significa que o escritor pode sair escrevendo tudo errado, é claro, mas conhecer e aplicar as técnicas narrativas é ainda mais importante.

  • Pouquíssimas mulheres enviaram material. Queremos incentivar e levantar carreiras, divulgar e promover autoras tanto quanto autores. Não tenham receio de produzir e muito menos de enviar seu material para o mundo! Queremos ter mais diversidade não só entre nossos autores, mas no mundo literário como um todo, inclusive para abranger pessoas que se identifiquem com diferentes raças, credos e gêneros!

  • É interessante como o RPG formou uma geração inteira de leitores e de escritores. São pessoas de imaginação muito vívida e fértil, mas há um porém em seus escritos: visualização. Por exemplo, dizer que um mago dispara uma bola de fogo pelas mãos não é o mesmo que dar detalhes a respeito, contar coisas que só a literatura pode contar: como os pelos queimados que cheiram mal em suas mãos, a mancha que a luminosidade deixa em sua vista, a intensidade do calor abrindo seus poros e fazendo o manto irritar sua pele. A literatura é mágica, pois apenas ela nos permite visualizar algo de maneira tão profunda, praticamente nos colocando naquela situação, ao invés de sermos apenas meros espectadores.

  • Conforme formamos nosso estilo como escritor, absorvemos técnicas e estilos de escritores que gostamos, porém, é importante ter em mente que nem sempre essas técnicas funcionam, pois podem muito provavelmente ser datadas e incompatíveis com tempos atuais ou simplesmente funcionarem porque estão nas mãos de grandes mestres. Não é um problema imitar seu escritor preferido, mas, dependendo da imitação, pode ser sinal de amadorismo. Reconhecer suas qualidades é essencial, mas mais ainda entender suas limitações. Com isso, pode-se buscar crescer e amadurecer a escrita, mas sem pular etapas ou achar que repetir uma fórmula é repetir seu impacto no leitor.

  • Dica: sempre pense no leitor enquanto escreve. Você precisa mentalizar seu leitor ideal, seu público-alvo, e não, não pode ser você mesmo. O que você quer que ele entenda do seu subtexto? As dicas que você deu vão permitir que ele compreenda o que você quis passar? Muitos autores confundem falta de sentido com “uma mensagem secreta que quando descobrirem serei considerado um gênio da literatura”. O que o leitor irá pensar do seu texto enquanto estiver lendo: “esse trecho claramente indica o que o personagem está sentindo de verdade mesmo que nada seja de fato dito”, ou “não estou entendendo nada nesse texto…”? Além disso, é essencial entender que quando o texto é lido por outra pessoa, ele já não é mais só do autor. O leitor é quem atribui valor e significado à narrativa e a molda à seu favor; é preciso ser conciso ao insistir em guiá-lo através de significados mais obscuros. Não é incomum escritores dizerem que o leitor “não entendeu a história”, mas isso mostra duas coisas: 1) o escritor falhou em passar a mensagem que desejava, e 2) de fato, nem sempre as coisas estão sob nosso controle.

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